Bolsonaro participa de ato no Rio pedindo anistia para condenados do 8 de janeiro

Ex-presidente volta a falar em ‘perseguição política’ dias antes de julgamento no STF

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou, na manhã deste domingo (16), de um ato na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, pedindo anistia para os condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023. A manifestação reuniu milhares de apoiadores, parlamentares e lideranças da direita, reforçando a mobilização do bolsonarismo em um momento crítico para Bolsonaro, que enfrenta investigações no Supremo Tribunal Federal (STF).

Entre os presentes estavam o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), os filhos do ex-presidente, deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), além do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.

O ato ocorre pouco antes do julgamento da Primeira Turma do STF, nos dias 25 e 26 de março, que decidirá se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e outros 33 investigados por suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Discurso de Bolsonaro e apoio de aliados

No palco montado na orla de Copacabana, Bolsonaro discursou para seus apoiadores, reafirmando a narrativa de que estaria sendo alvo de perseguição política.

“Não podemos admitir que brasileiros sejam presos por se manifestarem. O Brasil precisa de paz, precisa de liberdade”, afirmou o ex-presidente.

Ele também voltou a criticar o STF e as investigações contra ele e seus aliados, chamando-as de “caça às bruxas”.

O deputado Eduardo Bolsonaro reforçou a defesa do pai e afirmou que o ato representava a “resistência contra o autoritarismo”. Já Flávio Bolsonaro destacou a necessidade de “unir forças contra arbitrariedades”.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, reafirmou o apoio do partido a Bolsonaro e criticou as decisões do STF.

“O que estamos vendo não é justiça, é perseguição”, declarou Costa Neto.

STF e o avanço das investigações contra Bolsonaro

A manifestação acontece em um momento de crescente pressão sobre o ex-presidente. O STF já condenou 476 pessoas pelos atos de 8 de janeiro, com penas que chegam a 17 anos de prisão.

A PGR acusa Bolsonaro e aliados de articulação para tentar impedir a posse de Lula e fomentar ações contra o Estado Democrático de Direito. Se a denúncia for aceita pelo STF, Bolsonaro passará a ser oficialmente réu.

Aliados do ex-presidente argumentam que a denúncia tem motivação política e que não há provas concretas contra ele. No entanto, especialistas afirmam que o cerco jurídico está se fechando contra Bolsonaro, o que pode dificultar sua estratégia de retorno ao poder em 2026.

Mobilização bolsonarista e impacto político

O ato deste domingo demonstra que, mesmo sem mandato e com direitos políticos cassados, Bolsonaro ainda mantém influência sobre uma parcela significativa da população. A mobilização nas ruas é vista como uma tentativa de mostrar força política e pressionar o STF antes do julgamento.

Nos bastidores, aliados de Bolsonaro avaliam que as manifestações reforçam sua narrativa de perseguição e garantem apoio popular em meio aos processos que enfrenta. Entretanto, especialistas alertam que essa estratégia pode aumentar seu desgaste com setores do Judiciário.

Apesar da forte adesão ao ato, pesquisas recentes indicam que a popularidade de Bolsonaro tem oscilado, principalmente após as investigações sobre as joias sauditas e as denúncias de tentativa de golpe. A direita tenta reorganizar sua base de olho nas eleições municipais deste ano, onde o bolsonarismo busca consolidar candidaturas aliadas.

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